Caros Leitores . . .
Muitos conhecem o pássaro Tsuru, uma dobradura (origami) feita para decorar as festas japonesas, restaurantes e até para presentear as pessoas. Em alguns casos, são desenhados nos caixões para levar o espírito daquela pessoa aos céus. Na verdade, devemos ver sempre com respeito toda forma de crença, que eleva o esírito do ser humano. Encontrei a Lenda do Tsuru em um blog cheio de outras coisas interessantes e resolvi publicar aqui pela curiosidade da história.
Era uma vez um camponês muito pobre. Vivia em uma cabana tosca e seu único alimento eram algumas verduras que colhia de sua terra cansada. Um dia, ele encontrou um grow machucado, com a asa destroçada. Por isso ele não podia voar e buscar alimento: isto o deixou muito fraco, à beira da morte. O camponês teve pena da ave, cuidou de sua asinha e pacientemente, colocou em seu bico algumas sementes. Sua bondade a livrou da morte e quando ela pode voar o camponês a soltou.
Alguns dias depois, uma mulher adorável apareceu em sua casa e pediu que lhe desse abrigo por uma noite. O camponês, por ser bom, não negaria esta caridade a ninguém, mas a beleza da mulher fez com que ele acreditasse que deixá-la dormir em sua pobre cabana era realmente uma honra. Os dois se apaixonaram e se casaram. A noiva era delicada, atenciosa e tinha tanta disposição para o trabalho quanto era bonita, e assim eles viviam muito felizes. Mas para o camponês, que já tinha muita dificuldade em viver sozinho, ficou muito difícil cobrir as despesas que sua nova vida de casado lhe trazia.
Preocupada com esta situação, a esposa disse ao marido que produziria um tecido especial (tecer era um trabalho comum para as mulheres nessa época). Ele poderia vendê-lo para ganhar dinheiro, mas ela alertou que precisaria fazer seu trabalho em segredo, e que ninguém, nem mesmo ele, seu marido, poderia vê-la tecer. O homem construiu uma pequena cabana nos fundos de sua casa e lá ela trabalhou, trancada, durante três dias.
O marido só ouvia o som do tear batendo, e a curiosidade e a saudade que tinha de sua bela mulher fazia com que estes dias demorassem muito para passar. Quando o som de tecelagem parou, ela saiu com um tecido muito bonito, de textura delicada, brilhante e com desenhos exóticos. A tecelã lhe deu o nome de “mil penas de Tsuru”. Ele levou o tecido para a cidade. Os comerciantes ficaram surpreendidos e lutaram entre si para consegui-lo. O vendedor pagou com muitas moedas de ouro por ele. O pobre homem não podia acreditar que tão de repente a sorte começasse a lhe sorrir. Desde então, a esposa passou a trabalhar no valioso tecido outras vezes.
O casal podia, com o fruto da venda, viver em conforto. A mulher, porém, tornava-se dia após dia mais magra. Um dia, ela disse que não poderia tecer por um bom tempo. Ela estava muito cansada. Seus ossos lhe doíam e a fraqueza quase a impedia de ficar em pé. O camponês a amava muito e acreditava naquilo que ela dizia, porém, tinha experimentado a cobiça e como havia contraído algumas dívidas na cidade, pediu para que ela tecesse somente por mais uma vez.
No princípio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente. Desta vez ela não saiu no terceiro dia, como era de costume. E o homem ficou preocupado. Mais três dias se passaram sem que ela aparecesse. E isso começou a deixar o marido desesperado. No sétimo dia, sem saber mais o que fazer, ele quebrou sua promessa, espiando o serviço de tecelagem que ela fazia. Para a sua surpresa, não era sua mulher que estava tecendo.
Arqueada sobre o tear encontrava-se um grow, muito parecido com aquele que o camponês havia curado. O homem mal pode dormir à noite, pensando o que teria acontecido com a mulher que amava. Amaldiçoava-se por ter sido insaciável e praticamente ter obrigado a sua querida esposa a tecer mais uma vez.
Na manhã seguinte, a porta da cabaninha se abriu e o camponês com o coração aos saltos fixou seus olhos na porta, esperançoso em ver sua esposa sair dela com vida. A mulher saiu da cabana com profundas olheiras, trazendo o último tecido nas mãos trêmulas. Entregou-o para o marido e disse: - Agora preciso voltar. Você viu minha verdadeira forma, assim, eu não posso ficar mais com você! Então, ela se transformou em uma ave, o grow e voou, deixando o camponês em lágrimas.
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